28. Este é o número de povos indígenas apontados pela Embrapa no Plano de Desenvolvimento Agropecuário do MATOPIBA – a última fronteira agrícola do Brasil, localizada nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Número que diverge dos dados da Funai, que apontou 33 e do IBGE, com 517.
A tentativa de invisibilização desses povos se sustenta no discurso de desenvolvimento que retoma um imaginário de vazio demográfico e, consequentemente, de culturas, saberes e territorialidades. Além dos povos indígenas, na região também existem quilombolas e comunidades tradicionais geraizeiras, de fundo e/ou fechos de pasto, veredeiras, ribeirinhas, quebradeiras de coco-babaçu, além de assentadas ou sem-terra lutando por reforma agrária. Todas enfrentam os efeitos da consolidação do Matopiba, como a expulsão de famílias, violência, grilagem de terras, desmatamento, pulverização de agrotóxicos, contaminação das águas e escassez hídrica, além da chegada de grandes empreendimentos sem diálogo ou consulta.
Proteger os povos originários e as comunidades tradicionais é defender o cerrado, “berço das águas”, onde estão os maiores aquíferos do mundo, as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Araguaia-Tocantins, São Francisco e Prata).
O Cerrado já perdeu 100 milhões de hectares dos seus 210 milhões na região do Matopiba - caju do campo, buriti, puça e as mais de 11 mil plantas nativas deste bioma dão lugar à soja e milho para exportação.
Durante o Encontro da Articulação de Enfrentamento ao Projeto do Matopiba, da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, realizado no final de abril deste ano, conversamos com indígenas de cinco etnias sobre os impactos e as estratégias de resistência ao Projeto Matopiba em seus territórios.
Vídeo: Morgana Damásio e Aryelle Almeida - AATR
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